Saturday, February 7, 2009

Without a Gold



Era mais um dia solitário. Sam já não sentia prazer em encontros fortuitos com homens apenas para sexo. Ela não se sentia satisfeita, completa. Nem sequer era bom enquanto durava, apenas a fazia esquecer por momentos a solidão e quando eles iam embora, ela sentia-se ainda mais sozinha dentro do vazio do seu coração.
Arrependia-se de se ter envolvido com o seu chefe e depois com Martin. Sentiu que com Jack viveu uma mentira e com Martin o magoou profundamente.
Via como as pessoas desapareciam á sua volta, algumas ainda teriam a oportunidade de voltarem á sua vida, outras desaparecerão para sempre, sem deixar rasto. Temia que com o avançar da idade também ela desaparecesse dos olhares dos outros. Passaria a ser mais um rosto perdido no meio do caos de New York.
Tinha prometida a si mesma que não convidaria mais um estranho a entrar na sua casa e resistia bravamente ao apelo já há algumas semanas. Pretendia tirar uns dias, ir visitar a sua irmã, ver o mar. Viver longe daquele trabalho extenuante, em que nem sempre o final feliz acontece. Mas quando se preparava para falar com Jack, Vivian deu o alerta: uma mulher estava desaparecida há 12 horas. Havia de novo alguém a espera de ser encontrado. Sam pensou “bem, lá terei que me encontrar mais tarde, como sempre”.
A casa estava desarrumada. Havia indícios de arrombamento, luta e sangue no chão. Um ex-namorado tinha sido visto a rondar a casa. O marido não tinha conhecimento de nada. O filho mais novo chorava e pulava do colo do pai para o da tia. Haviam perguntas a serem feitas. Nem sempre fácies de responder.
-Quando viram a Susan pela última vez?
-A que horas ela saí do emprego?
As mesmas perguntas, as mesmas respostas. Um caso antigo mal resolvido. Enquanto ouvia Vivian fazer as perguntas, Sam lembrou-se de que também ela tinha casos mal resolvidos e não queria lidar com eles. De repente, sentiu-me mais do que solidária com a mulher desaparecida. Sentiu-se também envolta em perguntas para as quais não queria saber a resposta.
Passaram-se mais duas horas e Helena deu o alerta: haviam 10 pessoas como reféns no telhado de um arranha-céus. O suspeito estava com uma arma apontada á cabeça de uma mulher. Estavam também duas crianças e uma senhora idosa entre os reféns. O assalto tinha corrido mal e o único lugar era um perigoso telhado onde as pessoas estavam em círculo e nervosas. As negociações apenas começavam mas estava claro que ele não se renderia. E ameaçava levar todos com ele.
A mulher com a arma na cabeça era Susan. A mulher desaparecida. Jack quis tomar conta do caso mas já não era nada com eles. A mulher havia sido encontrada e agora cabia a outras forças especiais cuidarem do caso. O passado do suspeito mostrava alguém que não recuaria. Que não olharia a
meios. Que não voltaria para a prisão.
Estava escurecendo. Tinham que tomar uma decisão. O helicóptero não poderia descer nos telhados vizinhos. Ele ameaçava jogar as pessoas do telhado. Apontava a arma às crianças e a Susan. Gritava-lhe que tudo aquilo era culpa dela e agora eles iriam ficar juntos para sempre.
Os responsáveis tomaram a única decisão possível. Chamaram a força especial de elite. Os melhores atiradores entrariam em acção!
20 minutos depois, todo um aparato se fez notar. Eles eram os melhores e não tinham problemas em assumirem isso. Eram arrogantes, fanfarrões mas eram bons. E tinham chegado não para salvarem ninguém. Apenas para fazer o que tinha de ser feito.
Posições delineadas, o melhor atirador para aquelas circunstâncias tinha sido escolhido. Subiria no telhado mais próximo e aguardaria o sinal. E atiraria a matar.
Jack estava aos berros. Não tinha gostado da decisão. Queria salvar Susan e temia pela sua segurança. Vivian tentava acalma-lo mas sabia que ele tinha razão. Mas não se preocupava apenas com Susan. Sabia que todos estavam em perigo.
Sam, um pouco alheia a toda aquela confusão via aproximar-se o atirador escolhido para a missão. Alto, esguio. Apenas conseguia-lhe ver o sorriso. Esse ao passar por ela, parou por breves instantes e lhe disse: “Hi Gorgeous!” Sam lançou-lhe um olhar em que dizia “Como te atreves?!? Estão pessoas a precisarem de ajuda e tu aqui com estas merdas?!” Mas não teve tempo de lhe dizer, pois o atirador seguiu em direcção ao prédio vizinho para subir ao telhado.
O calor fazia-se sentir aquela hora da tarde. Os ânimos estavam exaltados. E se ele falhasse? E se atingisse mais alguém? E se Susan não voltasse para casa?
Jack exigia o fim de tudo aquilo, queria ser ele a negociar. Queria ter o controle da situação. Até que de repente, ouviu-se o sinal. Sinal verde. O atirador tinha o alvo em mira. Espera apenas a ordem. E ela veio. Segundos depois, ouviu-se um disparo. Seco, ecoando levemente na cabeça de quem assistia a tudo. Logo em seguida veio o que todos queriam ouvir : “Suspect is down! Suspect is down!”
E uma dezena de agentes subiu ao telhado o mais depressa que podiam para retirarem as pessoas de lá. Estas chegavam ao solo assustadas, em lágrimas. No meio de tanto alívio e desespero, ouvia-se a gabarolice do grupo de elite. Graças a sua destreza, mais um bandido fora posto fora de circulação.
Aliviado mas stressado, Jack pedia explicações e queria saber quem tinha autorizado tudo aquilo. Sam estava cansada, apenas queria sair dali e ir embora. Foi quando reparou no atirador que chegava ao pé dos seus companheiros e recebia palmadas nas costas pelo bom desempenho. Lembrou-se então da sua audácia e falta de respeito para com os reféns ao galanteá-la daquela maneira. Foi então que teve uma surpresa. O atirador entregou a arma a um companheiro e ao retirar o capacete, viu-se os seus longos cabelos negros, um belo sorriso e um olhar provocante. O atirador era na verdade uma bela mulher. A única a fazer parte do grupo de elite. A melhor atiradora do grupo. Voltou-se e ao ver Sam especada a olhar para ela foi na sua direcção.
Enquanto esta fingia não estar completamente admirada, ao passar por ela disse-lhe junto ao rosto: “Bye, Gorgeous!” Sam não olhou com indignação desta vez. Parecia em transe, como se nada daquilo estivesse mesmo acontecendo.
Ainda teve tempo de ver aquela bela agente a falar com Vivian rapidamente. E lá foi com os seus companheiros, colegas, camaradas. Era um deles, sem a menor dúvida!
Mas quem era ela? E porquê dirigiu-se a ela naqueles termos em frente a toda a gente? Sam voltou a noite para a casa e subitamente, já não queria pedir uns dias ao Jack. Decidiu ficar por perto, sem saber bem o motivo. Demorou a adormecer e a última coisa em que pensou, foi naquele sorriso.

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