Thursday, April 8, 2010

8ª PARTE

Saíram do bar alegremente conversando. No caminho para o apartamento de Ellen iam descobrindo coisas, gostos em comum. Mas ainda pairava sobre Sam vestígios da sua insegurança. Que logo se iam embora quando vislumbrava o sorriso de Ellen. 

Ao chegarem ao Apê, Ellen segurou na mão de Sam e a levou para dentro. Esta sentiu-se bem com aquele simples gesto. E ao entrar naquele lugar aonde nunca tinha estado, sentiu-se confortavelmente em casa.

-Fique a vontade! Quer um copo de vinho, para abrir o apetite?
-Sim, quero! Obrigada! 

Sam tirou o casaco e acompanhou Ellen até a cozinha. Ellen lhe estendeu um copo de vinho e rapidamente colocou água a ferver e foi ao frigorífico buscar a pasta, sempre fresca para ocasiões especiais. 

Sam admirava-lhe todos os movimentos. Enquanto iam conversando sobre banalidades, iam trocando olhares e sorrisos. Sentiam-se atraídas uma pela outra mas embora isso não fosse novidade para Ellen, Sam não sabia ainda como lidar com tudo aquilo. Portanto, decidiu deixar-se levar por aquele ambiente estranhamente acolhedor. 
Ofereceu-se para ajudar no jantar e sempre que tinham oportunidade para tal, não deixavam-se de se tocar, mesmo que levemente,  nas mãos, nos braços. E cada vez que isso acontecia sentiam o corpo vacilar, os sentidos ficavam mais apurados e os batimentos cardíacos mais apressados. Não demorou muito até ao jantar ficar pronto.

-Sabe como é, casa de italiana tem sempre a pasta fresca e o molho pronto para momentos como este, especial. 
-E o que torna este momento tão especial? - perguntou Sam olhando fixamente para Ellen -
-O facto de estares aqui - disse Ellen retribuindo o olhar intenso -

Sentaram-se a mesa, comeram, conversaram, riram e muito. Ellen era muito engraçada, não parecia nada ser uma pessoa tímida ou fechada como Sam. Tinha a segurança que a esta faltava embora Sam fosse mais velha e tivesse experiências que ainda Ellen não tivesse vivido.

Foram até a sala depois do jantar e Ellen convidou Sam até ao terraço do seu apartamento. Sam viu um amplo espaço cheio de plantas e algumas cadeiras. Olhou para o céu e viu uma lua-cheia que iluminava todo o terraço. debruçou-se no muro e esboçou um leve sorriso. Voltou-se para trás e Ellen estava quase em transe olhando para ela. Esta foi em sua direcção e disse-lhe:

-Nossa! Você fica ainda mais linda sob a luz do luar! 

Nisso os seus lábios se uniram em um longo, molhado e desejado beijo. 

Wednesday, March 3, 2010

7ª PARTE

-Sam? É você? Sou eu, Ellen.

Samantha sentiu o corpo tremer. Ainda de frente ao espelho não conseguia explicar o nervosismo e nem o leve sorriso que via reflectido.

-Ellen? Sim, sou eu. Tudo bem? Tentou disfarçar a imensa alegria que sentia ao ouvir aquela voz.

-Lembra que eu disse-te que iria a tua procura para jantarmos? Que tal hoje?

-Sim, claro! - caramba, podia ao menos tentar arrastar mais, fazer-se de difícil. Mas para quê?

-Óptimo! Então o que me dizes de saíres dessa casa de banho e vires aqui ter comigo?

-Como? - ao abrir a porta deu de caras com Ellen, com um belo sorriso a sua espera do lado de fora. Sam estava surpresa mas não conseguiu disfarçar a alegria ao ver Ellen. De repente, todos aqueles homens deixaram de fazer sentido, nem sequer de lembrava mais do rosto daquele que tinha escolhido para ir para a casa consigo naquela noite.

-Mas como soubeste que eu estava aqui?

-Ora, foi aqui que nos vimos há algumas semanas atrás. E eu tenho por hábito voltar aos lugares onde encontro gente bonita e interessante.

-Ok! Com quem falaste? - perguntou Sam com um ar desconfiado -

-A Helena me disse que talvez estivesses aqui - sorriu de forma sarcástica-

-Ah! Agora está melhor! Passaste no escritório? Estavas a minha procura? - perguntou Sam com um olhar fixo nos belos olhos de Ellen-

-Estava. Passei toda a tarde a pensar em ti. Queria ver-te, queria por fim ver-te! Vamos?

-Vamos. Mas para onde?

-Para um lugar calmo e tranquilo, com uma bela música e boa comida. Enfim, vamos para a minha casa!

Friday, February 26, 2010

6ª PARTE

Sam estava novamente confusa. Mas nunca havia lhe passado pela cabeça tal coisa. Uma mulher? Mas porquê? Teria a sua vida assim dado tantas voltas para agora lhe surgir mais isso? E que confusão seria! Perderia o respeito dos seu colegas? De Jack? Mas o que isso lhe importava afinal? De Jack apenas teve remorsos do seu relacionamento. De Martin sabia que o tinha magoado. Estava sozinha, como sempre esteve em sua vida. E a única coisa que sabia é que não queria acabar assim.

Uma semana se passou, turbulenta e conflituosa. E nem sinal de Ellen. Teria sido uma brincadeira sem-graça? Teria aquela bela morena se metido com ela apenas por gozação? Sentia-se dentro de uma redoma, sem saída, entupida de trabalho, algum mal resolvido e sem forças. Estava com desejos mas lutava para os eliminar em sua cabeça e seu corpo. Estava cedendo, talvez mais uma vez, uma última vez. 
Voltou ao bar de costume, homens, apenas homens. Os de costume, a procura de uma aventura rápida, sem compromissos de espécie algum. Apenas homens.

Foi abordada por vários naquela noite. Uns até interessantes, outros totalmente dispensáveis. Uns elegantes, outros insuportáveis desleixados. Sabia que iria para casa com um deles mas não sabia qual. Decidiu ir a casa de banho e colocar as ideias em ordem. Qual seria o da vez? Molhou o rosto em água fria. Olhou-se ao espelho e fingiu não se importar. Enxugou as mãos e preparava-se para sair. O telemóvel tocou. Sem número. Esteve para não atender mas sem pensar mais, lá decidiu ver quem era. Estava de frente ao espelho mais uma vez e viu o seu rosto se iluminar quando ouviu uma voz feminina do outro lado.

Sunday, January 3, 2010

5ª Parte

Depois de mais uma secção de mau-humor de Jack a caminho do escritório, Sam apenas pensava no convite de Ellen. E também no por que de ter aceite o mesmo sem pestanejar. Sabia que era isso o que queria mas o que a levava a isso? O que tinha aquela mulher para lhe hipnotizar daquela maneira. Não sabia mas iria descobrir, pois agora já mal podia esperar pelo dia do jantar, fosse ele qual fosse.

Vivian já estava de volta ao escritório. Depois do problema no coração tinha que estar sempre vigiada mas tudo estava a correr bem. Sam esperou um momento oportuno para falar com Vivian a sós. O que apenas aconteceu no fim do dia, já quando todos haviam ido embora. Pensou em desviar-se do assunto mas não conseguiu. Tinha que saber mais sobre Ellen.


-Viv! Preciso te perguntar uma coisa

-Sim, diga Sam, o que é?

-De onde você conhece a Ellen? Vi vocês conversando um dia desses e fiquei curiosa.

-Ellen! Ellen era filha de um antigo parceiro que tive, ainda antes de entrar para o FBI.

-Era? - perguntou Sam intrigada -

-Sim, ele foi morto em serviço logo depois que entrei para o Bureau. Ela ainda era uma criança. Até hoje não se sabe quem foi o responsável pelo crime. Atribui-se a culpa a Máfia mas naquele bairro, haviam muitos criminosos capazes de o matar. Foi um grande golpe para toda a família. Família grande, italiana, unida. Muito boa gente. Sempre me receberam muito bem em casa deles.

-Puxa, imagino que deve ter sido um duro golpe para ela. Você mantém contacto com a família até hoje?

-Sim! Sempre que posso vou até lá. É um ambiente diferente sabe? Tem muito calor humano. Mas ...porquê a pergunta?

-Por nada...bem, na verdade eu estava curiosa para saber algo sobre ela. Ela foi tão eficaz com o Grupo de Elite que...

-Hum - interrompeu Vivian - Já sei!

-Sabe? Como, a Helena te contou alguma coisa? - Sam sentiu-se nervosa perante a cara de desconfiança de Vivian - Sabes o quê?

-Ela deu em cima de você? Foi isso não foi?

-Na, não...eu apenas, eu queria saber mais sobre ela, apenas isso - tentou disfarçar Sam -

-Sam, ela não esconde de ninguém que é homossexual. Aliás, ela faz questão que se saiba. E quando ela está interessada em alguém, ela vai a luta. Por isso, se for o caso, prepare-se!- disse Vivian com um sorriso no rosto -

-Preparo-me para quê? Do que estás a falar? Estás tola? Mas tu achas que eu dei corda para isso? Ou que...

-Sam, não importa se deste corda ou não e também não estou a pensar em nada! Eu gosto dela como se fosse uma pessoa da minha família. E gosto de ti da mesma forma também. Por isso, não stresses e vai em frente.

-Mas o que tu estás pensar? Que eu estou interessada nela? Mas tu sabes melhor do que ninguém a minha história com o Jack, o Martin. Tu achas mesmo que eu sou assim? - perguntou Sam indignada -

-O que eu sei é que a vida nos ensina muita coisa Sam. E que nós ensinamos aos outros como nos tratarem. Tu cometeste erros no passado mas a vida continua. E nisso só tu podes decidir o que fazer, quem vais deixar entrar na tua vida agora. Vive Sam, se tens curiosidade explora-a. Se tens vontade, mata a vontade. Se tens desejos, realiza-os. E não olhes para trás. Olha sem medos e sem preconceitos. Uma coisa é certa, mais vale que te arrependas depois de teres te dado uma chance, do que se não tiveres feito. Vive Sam, apenas vive.